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Yasuni parc national Equateur
Os projetos regionais TerrAmaz e TerrIndigena acompanham vários territórios na Amazônia no combate contra o desmatamento e na transição para modelos sustentáveis de desenvolvimento. No Equador, a criação de zonas protegidas permite preservar melhor vários territórios ricos em biodiversidade. Entrevista com Edison Gabriel Mejía Valenzuela, diretor do Parque Nacional Yasuní.
Por que razão a criação de áreas protegidas é tão importante para a proteção e a conservação da biodiversidade?

Edison Gabriel Mejía ValenzuelaEdison Gabriel Mejía Valenzuela: As áreas protegidas são as porções de território que permitem a conservação da maior parte da biodiversidade do planeta. A biodiversidade representa toda a fauna e a flora, os ecossistemas e as paisagens, mas também a diversidade humana e cultural, através, por exemplo, das culturas indígenas, que são atores importantes na conservação das áreas protegidas.

Eles retardam a degradação do meio ambiente, mas são também importantes pelo que trazem às populações. Com efeito, são bancos imensos de recursos genéticos diversos, que fornecem serviços ecossistêmicos, como o abastecimento de água às populações ou a captação de CO2, e que geram alternativas duradouras de desenvolvimento, como o ecoturismo. Por outro lado, as áreas protegidas são recursos incríveis para a exploração científica e educacional. E apesar de já trazerem muito para os humanos, ainda estamos longe de conhecer todos os seus benefícios.

A criação de áreas protegidas é igualmente importante porque são fundamentais para o desenvolvimento de outras estratégias e de outras visões de conservação. Trata-se de adotar um conceito onde a proteção de grandes territórios possa permitir alcançar um equilíbrio entre o homem, a natureza e o desenvolvimento, como é o caso das reservas de biosfera ou dos corredores ecológicos, que são locais chave para a conservação de áreas úmidas, por exemplo.

Como o acompanhamento da biodiversidade é realizado no Parque Nacional Yasuní?

E. M.: O Parque Nacional Yasuní é uma das áreas protegidas mais ricas em biodiversidade do planeta. Muitas espécies endêmicas e em perigo de extinção ali vivem. É por isso que a comunidade científica investe cada vez mais recursos em suas pesquisas para proteger o parque. Dois laboratórios científicos trabalham nisso: a Estação Científica Yasuní da Universidade Católica do Equador e a Estação de Biodiversidade de Tiputini da Universidade de São Francisco de Quito. Estas coletam dados sobre a área protegida e permitem identificar melhor as necessidades do parque. Nos últimos anos, novos laboratórios de pesquisa, como o da Universidade Regional Amazônia IKIAM e a Wildlife Conservation Society (WCS), que possuem ampla experiência em projetos de pesquisa e conservação, têm trabalhado no parque, o que também ajuda na tomada de decisões e numa melhor gestão para a proteção dos ecossistemas.

Também possuímos um programa de gestão da biodiversidade sob a responsabilidade de um especialista técnico e apoiado no terreno pelos guardas do parque, que receberam uma formação específica. Eles estão atualmente, por exemplo, na vanguarda do monitoramento de lepidópteros, do censo nacional de primatas, do projeto de conservação de tartarugas e, desde o ano passado, do monitoramento de golfinhos, jacarés, peixes-boi e pirarucus.

Este monitoramento nos permite gerar dados e informações conformes aos nossos valores de conservação. Avaliamos todos os impactos na biodiversidade de atividades como a construção de estradas ou a extração de hidrocarbonetos. Mais recentemente, assinamos um acordo com o Instituto Nacional para a Biodiversidade, que participará do monitoramento do parque.

Em dois de seus projetos limítrofes ao Parque Nacional Yasuní no Equador, TerrAmaz e TerrIndigena, a AFD financia tanto a proteção dos territórios indígenas como a proteção da biodiversidade. Como a proteção dos territórios indígenas permite simultaneamente a proteção da biodiversidade?

E. M.: Os territórios das comunidades são, sem dúvida, espaços onde se mantém uma grande diversidade biológica. Isto deve-se ao fato de estes territórios serem frequentemente áreas protegidas e de as comunidades necessitarem desta biodiversidade para se alimentar, obter água, obter matérias-primas e produzir plantas medicinais.

As áreas protegidas devem permitir que os territórios beneficiem as gerações presentes e futuras, e promover o planejamento e a gestão desses territórios através, por exemplo, da elaboração de planos de gestão que definam as ferramentas de desenvolvimento sustentável. O objetivo é garantir um ambiente saudável, protegido, e garantir que as comunidades possam valorizar seus territórios, bem como seu potencial de riquezas naturais e culturais.