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nature biodiversité environnement forêt tropicale
Data4Nature é uma nova iniciativa que convida todos os atores do desenvolvimento a compartilhar os dados de biodiversidade de seus projetos. Liderado pela Agence Française de Développement (AFD) e pelo Sistema Mundial de Informação sobre a Biodiversidade (GBIF), ela é um produto da coalizão Finança em Comum. Uma conferência de apresentação da Data4Nature será realizada em 10 de dezembro.

E se para proteger melhor a biodiversidade precisássemos primeiro conhecê-la melhor? Numa época em que 1 milhão de espécies animais e vegetais dos 8 milhões conhecidos até o momento estão ameaçadas de extinção a curto prazo, segundo o IPBES, uma nova iniciativa, Data4Nature, proveniente da coalizão dos bancos públicos de desenvolvimento Finança em Comum, pretende encorajar os atores do desenvolvimento (bancos, fundações, ONGs, empresas, etc.) a compartilhar com o maior número possível de pessoas os dados relativos à biodiversidade coletados durante os estudos de impacto ambiental de seus projetos.

Para combater o declínio da biodiversidade, o conhecimento da distribuição e do estado de saúde das espécies é indispensável”, observa Julien Calas, pesquisador especializado em biodiversidade na Agence Française de Développement (AFD).

Estes dados permitem, em primeiro lugar, avaliar e atenuar os impactos ambientais dos projetos. Mas, uma vez compartilhados e utilizados por outros, também servem para estabelecer listas vermelhas de espécies ameaçadas, melhorar modelos preditivos sobre a evolução das populações ainda não identificadas como ameaçadas, estabelecer indicadores de pegada ecológica das empresas ou avaliar a eficácia das políticas públicas. Quanto mais numerosos e de livre acesso, mais reduzem os custos e melhoram a qualidade dos estudos, facilitando assim a avaliação das ações implementadas.

Ora, estes dados ainda são de difícil acesso para as populações interessadas: cientistas, decisores políticos, agências ambientais ou escritórios de engenharia, quando existem. “Atualmente é muito fácil encontrar dados sobre economia, saúde, rendimentos agrícolas, etc. Mas quando se quer saber onde uma espécie está, o acesso aos dados é bem mais complexo”, diz Julien Calas. Há uma falta significativa de informações sobre a biodiversidade em muitos países da África e da Ásia.

300 mil novos dados brutos por ano

No âmbito dos estudos e projetos que financiam, os bancos de desenvolvimento ajudam seus clientes nos países em desenvolvimento a gerar uma quantidade significativa de dados úteis sobre a biodiversidade bruta. De acordo com a empresa de consultoria Biotope, um estudo de impacto realizado antes da implementação de um projeto produz, por exemplo, entre 500 e 1000 dados de biodiversidade brutos, em média.

Um banco de desenvolvimento como a AFD gera cerca de 30 mil por ano. Ao extrapolar este número para os principais bancos multilaterais de desenvolvimento, em proporção aos seus compromissos financeiros, o número de dados brutos que poderiam ser potencialmente compartilhados a cada ano com a comunidade de peritos em biodiversidade sobe para 300 mil. O problema é que estes dados ainda são em grande parte subexplorados. De fato, apenas os resultados desses estudos são divulgados, ao invés de todos os dados utilizados.

É isto que a coalizão Finança em Comum pretende desenvolver com a iniciativa Data4Nature. Objetivo: convencer o maior número possível de bancos de desenvolvimento a incitar as empresas de engenharia envolvidas em seus projetos a compartilhar sistematicamente os dados coletados no Sistema Mundial de Informação sobre a Biodiversidade (GBIF). Os agentes das áreas protegidas e as ONGs também podem contribuir.
Compartilhar estes dados brutos num banco de dados de acesso aberto requer muito pouco esforço adicional para os escritórios de engenharia”, diz Sonia Lioret, chefe de projetos de energia na AFD. Um dispositivo de depósito obrigatório de dados nessa base está em vigor na França desde 2018. Depois disso, a quantidade de dados disponíveis aumentou fortemente".

O GBIF, uma base de dados a ser enriquecida

Criado em 2011 pela OCDE, o GBIF é simultaneamente uma rede internacional e uma infraestrutura de compartilhamento de dados financiada pelos governos dos países membros. Ele permite acessar uma base de dados de biodiversidade compartilhada de acesso aberto no portal gbif.org que compreende cerca de 1,6 bilhão de dados - observações de campo, coleções de museus, etc. - sobre 1,5 milhão de espécies.

Este dispositivo parece ser atualmente o mais adequado para classificar e compartilhar os dados relativos à biodiversidade registrados nas áreas onde os projetos de desenvolvimento são implementados. Precisamente aquelas em que os peritos não dispõem de dados.

Para um banco de desenvolvimento, as tarefas a realizar limitam-se à integração de uma nova cláusula nos contratos de financiamento, ao controle da publicação dos dados brutos de biodiversidade, e à formação e sensibilização do pessoal envolvido. Chegou o momento de enriquecer coletivamente esta base de dados mundial.