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Tal como no ano passado, o deflorestamento na Amazônia atingiu níveis máximos. E, tal como no ano passado, incêndios gigantescos devastam a maior floresta tropical do mundo. Uma catástrofe, quando sabemos que esta abriga mais de 50% da biodiversidade mundial, entre 15% e 20% das reservas de água potável do planeta e cerca de 10% das reservas de carbono.

A Agence Française de Développement (AFD) está empenhada desde 2019 no terreno para proteger este espaço natural indispensável, tanto a nível local como planetário. Com 15,5 milhões de euros de subvenções destinadas à Amazônia em 4 países da região – Brasil, Colômbia, Equador e Peru – o objetivo é desencadear dinâmicas locais a favor do clima e da biodiversidade. Os projetos apoiados complementam os projetos conduzidos por outros bancos públicos de desenvolvimento que estão há mais tempo no terreno.

Esta ação inscreve-se num esforço geral da França em prol da Amazônia com, notadamente, dotações atribuídas a organizações de conservação da natureza que trabalham para a salvaguarda deste pulmão planetário, e uma parceria financeira importante a favor da biodiversidade da Bacia Amazônica estabelecida com o Banco Interamericano de Desenvolvimento. “Trata-se de uma questão muito importante para a França, para a qual contribuímos como banco público de desenvolvimento, e que pretendemos intensificar nos próximos anos”, explica Bruno Leclerc, Diretor do Departamento América Latina da AFD.
 

Uma experimentação de territórios sustentáveis

Em cinco sítios-piloto situados no Brasil, na Colômbia, no Equador e no Peru, a AFD financiará o programa TerrAmaz, que visa construir modelos à escala de territórios inteiros que associem desenvolvimento econômico de baixo carbono e conservação dos ecossistemas.

Com duração de quatro anos, permitirá financiar o acompanhamento do deflorestamento a nível local, elaborar cartas de territórios, divulgar práticas agrícolas sustentáveis para obter produtos certificados zero-deflorestamento (em conformidade com a estratégia francesa de combate ao deflorestamento importada) e apoiar a realização de estudos que beneficiarão os atores destas regiões.

O TerrAmaz beneficiará de uma subvenção de 9,5 milhões de euros da AFD e faz parte dos compromissos da França a favor de uma Aliança internacional para a conservação das florestas tropicais.


Combater os incêndios

No Brasil, no Estado do Mato Grosso, a AFD apoia com um milhão de euros o desenvolvimento das populações indígenas Caiapós (liderada pelo Cacique Raoni) e Capoto. “Estas comunidades estão sendo pressionadas por colonos e agricultores que se apropriam da terra e destroem a floresta. O apoio às atividades dos povos indígenas contribuirá para a preservação dessas terras”, salienta Mathieu Boche, chefe de equipe do projeto na Divisão Agricultura, Desenvolvimento Rural e Biodiversidade da AFD. De fato, as áreas florestais localizadas em territórios indígenas são aquelas onde o deflorestamento regista menos progressos... desde que as populações disponham de meios de controle suficientes.

O projeto, cuja implantação sofreu atrasos devido à pandemia de Covid-19, é gerido pela ONG Conservation International e executado pelas organizações de representação das comunidades indígenas. Ele visa, em particular, manter e reabilitar as estradas florestais e os corta-fogos, criar postos de vigilância para combater os focos de incêndio e desenvolver atividades agroflorestais sustentáveis. “Queremos ajudar estas comunidades a valorizar seus produtos florestais não lenhosos: castanhas-do-pará, mel, plantas medicinais, etc., de forma sustentável para o meio ambiente”, conta Mathieu Boche.


Setores sustentáveis de cacau

A Conservation International é responsável por outro projeto destinado a promover cadeias de produção sustentáveis de cacau de primeira qualidade na Colômbia, no Equador e no Peru. Ela é apoiada pelo Fundo Francês para o Meio Ambiente Mundial (FFEM) e pela AFD com, respectivamente, 2,5 e 5 milhões de euros, e integra a associação Agrônomos e Veterinários sem Fronteiras (AVSF), bem como a Kaoka, empresa especializada no chocolate orgânico resultante do comércio equitativo.

“Trata-se de incentivar produções que considerem o desafio da conservação da biodiversidade, melhorando simultaneamente os meios de subsistência dos produtores locais. Com parcelas agroflorestais que associem cultura de cacau e plantação de árvores, sem fatores de produção que não sejam de origem orgânica, os produtores, acompanhados por ONG ambientais, podem empenhar-se numa abordagem de certificação que lhes permita aumentar o preço de venda de suas mercadorias, assegurando simultaneamente a preservação a longo prazo da natureza de que dependem”, explica Tiphaine Leménager, responsável pelo projeto Biodiversidade na AFD. A parceria com a empresa Kaoka lhes garantirá um leque de oportunidades.