COP24:“É preciso mais ambição para o clima”

publicado em 26 Novembro 2018
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A COP24, organizada de 2 a 14 de dezembro em Katowice, na Polônia, é uma etapa importante entre a COP21 de Paris e aquela de 2020, em que os países deverão rever e ampliar os seus compromissos acerca do clima. O que é possível esperar? O balanço com Timothée Ourbak, especialista em mudanças climáticas da Agência Francesa de Desenvolvimento.
portrait Timothée Ourbak
Três anos depois, em que condições estão os compromissos assumidos pelos países na COP21?

Timothée Ourbak: Há boas-novas e notícias ruins. As boas provêm dos cientistas do GIEC (Grupo Intergovernamental de Experts sobre a Evolução do Clima), os quais estimam em seu mais recente relatório que ainda é tecnicamente possível permanecer nos limites dos 1,5°C de aquecimento climático em 2100. 

Elas igualmente provêm dos bancos de desenvolvimento, os quais são numerosos a investirem em projetos de impacto positivo no clima. O Banco Mundial, por exemplo, fixou como objetivo para até 2020 alcançar uma porcentagem de 28% dos projetos por ele apoiados com perfil de benefício climático colateral. Ele já atingiu 32%.

Entretanto, será preciso uma forte vontade política e uma ação imediata e drástica de todos os atores para limitar o aquecimento climático em 1,5°C. Os planos voltados para o clima relativamente aos quais os países se comprometeram na COP 21 nos posicionam até o momento em uma trajetória de mais de 3°C de aquecimento até o final do século. E quando se sabe que somente 16 signatários do Acordo de Paris (entre mais de 150) cumprem os respectivos compromissos, de acordo com um estudo recente, e que eles sequer estão entre os maiores emissores… Há motivo para preocupação.

O que é possível esperar da COP24?

Essa conferência possibilitará, primeiramente, fazer um balanço acerca dos compromissos assumidos há três anos, na COP21, graças ao Diálogo de Talanoa, levado a cabo ao longo de todo o ano por atores estatais e não estatais [um processo lançado pela presidência das Ilhas Fiji da COP23 que favorece o compartilhamento de ideias e de experiências, com o objetivo de estimular os governos a agirem de modo mais incisivo em prol do clima].

Um grande desafio desta COP consiste em colocar os países na via do incremento das suas ambições no tocante à redução das emissões de gases do efeito estufa a partir de 2020, tal como prevê o Acordo de Paris. Com a ideia de irmos cada vez mais rápido, pois o tempo urge.

Os governos negociarão igualmente o que se denomina o “rulebook”, ou seja, as regras para a aplicação do Acordo de Paris. Em 2015, como o desafio maior consistiu em alcançar um acordo, vários pontos não puderam ser especificados. Por exemplo, falta um quadro em comum para medir as emissões de gases do efeito estufa.

Por fim, trata-se de mostrar que o momentum e a devida consideração das mudanças climáticas, os quais conduziram ao sucesso da COP21, ainda estão presentes três anos depois. Pois existe o risco de grandes nações seguirem os passos dos Estados Unidos e igualmente se retirarem do Acordo de Paris.
 

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© Cyril Le Tourneur d'Ison / AFD

Qual papel pretende desempenhar a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) na COP24? 

Estaremos presentes para contribuirmos nos debates, especialmente acerca do alinhamento dos bancos de desenvolvimento com o Acordo de Paris [desde janeiro de 2018, a AFD é a primeira instituição 100% pelo Acordo de Paris, ler a respeito o seu novo plano de orientação estratégica], bem como no que diz respeito às questões de transição no longo prazo e dos riscos climáticos para as finanças.

Tal como nas COPs precedentes, trata-se destacar a relação entre o financiamento do clima e a ajuda ao desenvolvimento.

Serão igualmente abordados o mapeamento das finanças verdes do IDFC (International Development Finance Club, presidido pela AFD) e os 196 bilhões de dólares que o clube destinou no ano passado a projetos com efeitos climáticos positivos. Tratar-se-á igualmente de valorizar o programa TFSC recentemente adotado pelo conselho de administração do Fundo Verde para o Clima [este programa incita as instituições financeiras locais a apoiarem a transição ecológica]. Por todas essas razões, é importante que estejamos presentes.
 


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