Embora caiba numa simples bola de futebol, os desafios que representa são planetários. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) representados no couro poliédrico passado entre as mãos de todos os oradores da sessão inaugural da Cúpula Finança em Comum de Paris simbolizam as expectativas de compromisso dos bancos de desenvolvimento e o poder do esporte ao redor do mundo para contribuir no alcance desses objetivos.
O esporte “nos permite entender melhor uns aos outros”, resume Shinichi Kitaoka, presidente do banco de desenvolvimento japonês Japan International Cooperation Agency (JICA). “Trata-se de um instrumento de emancipação, paz, igualdade e prosperidade econômica”, acrescenta Serge Ekué, Presidente do Banco de Desenvolvimento da África Ocidental (BOAD). “Os únicos campos que nossos filhos devem frequentar são os campos esportivos.” “Empatia, tolerância, respeito... Os valores portados pelo esporte são os que queremos promover na vida em geral”, diz Gabriela Ramos, vice-diretora-geral da UNESCO para Ciências Sociais e Humanas.
Ler também: Cúpula Finança em Comum, todos os nossos artigos
Os atores convidados para esta primeira sessão da Cúpula Finança em Comum, incluindo Thomas Bach (COI), Andrew Parsons (Comitê Paraolímpico Internacional) e Ibrahima Wade (Dakar 2026) apresentam uma constatação clara: o esporte é uma alavanca poderosa, mas ainda subutilizada do desenvolvimento humano e sustentável. Em particular, ele deve ser capaz de fazer mais em termos de educação, saúde, igualdade de gênero, acesso ao emprego, paz e transição ecológica.
“More sport, more impact!” (Mais esporte, mais impacto)
É neste contexto que Rémy Rioux, diretor-geral da AFD, e o presidente dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, Tony Estanguet, anunciaram o lançamento da Coalizão Esporte para o Desenvolvimento, que se compromete a reforçar os meios financeiros, investimentos e competências para construir juntos um mundo sustentável em conexão com os ODS. “Queremos dar ao esporte o lugar que merece no desenvolvimento”, afirmou o diretor-geral da AFD, reiterado por Tony Estanguet: “Com o esporte, temos o poder de mudar as coisas”.
A equipe típica alinhada pela Coalizão deixa pouca margem a dúvidas quanto a suas ambições: a AFD, o Banco de Desenvolvimento da África Ocidental (BOAD), a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), a Associação das Instituições Nacionais e de Financiamento do Desenvolvimento (ADFMI), o Banco Islâmico de Desenvolvimento (IsDB), a Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras para o Desenvolvimento (ALIDE) ou o KfW alemão.
No banco, a Coalizão pode contar com membros observadores e amigos de primeira linha: o Comitê Olímpico Internacional (COI), o Comitê Paraolímpico Internacional (CPI), o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Paris 2024, a UNESCO e a Agência Alemã de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (GIZ). À medida em que o jogo avançava com a bola ODS nas mãos, os novos companheiros de equipe martelavam seu novo grito de guerra: “More sport, more impact!” (Mais esporte, mais impacto!).
Uma plataforma, financiamentos, conexões
Para atingir este objetivo e, mais especificamente, promover o financiamento e o apoio a projetos que combinem esporte e desenvolvimento na África, a Coalizão se baseará na plataforma Esporte em Comum, também apresentada em 11 de novembro. Ao mesmo tempo em que facilita a relação entre os atores do esporte e do desenvolvimento, ela também oferece uma oferta variada de financiamentos, adaptada a projetos de todos os tamanhos e proveniente de vários tipos de estruturas de financiamento, públicas ou privadas.
O site Sportencommun.org também oferece soluções de acompanhamento a líderes de projetos que cobrem todo o ciclo de vida de um projeto: incubação e estruturação, implantação e implementação, mudança de escala, desenvolvimento de competências e treinamento, monitoramento e medição de impacto, etc. Uma iniciativa particularmente apreciada por Amadou Gallo Fall: “As organizações presentes em torno desta plataforma da Coalizão mudarão sensivelmente a situação”, diz o presidente da Liga Africana de Basquetebol (BAL), a futura liga pan-africana de basquetebol criada em parceria com a NBA e a FIBA. “O desenvolvimento através do esporte também consiste em permitir que os jovens atinjam seu potencial em casa, sem que se sintam obrigados a atravessar mares para esperar um futuro melhor”.