"Juntos, ajudamos a elevar o nível de ambição da comunidade internacional em face da perda de biodiversidade." Na segunda-feira, 6 de setembro, no Congresso Mundial da Natureza da IUCN, Barbara Pompili, Ministra da Transição Ecológica, deu o primeiro passo para o avanço dos compromissos assumidos em matéria de biodiversidade durante a Cúpula One Planet de janeiro de 2021.
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A quantas estamos, oito meses depois? Enquanto a Agence Française de Développement (AFD) prossegue seus objetivos de duplicar seus financiamentos para a biodiversidade até 2025 - de 565 milhões para 1 bilhão de euros - e atingir 30% de financiamentos climáticos que beneficiem também a natureza no mesmo prazo, eis cinco iniciativas pelas quais o Grupo se mobiliza de forma muito concreta.
A iniciativa Kiwa para a resiliência no Pacífico
Lançada em 2020 pela União Europeia, França, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, a iniciativa Kiwa financia a implantação de soluções baseadas na natureza em favor da biodiversidade e da adaptação às mudanças climáticas em Estados insulares vulneráveis do Pacífico: combate a espécies invasoras, restauração de ecossistemas florestais, agricultura orgânica, etc.
Dotado de 41 milhões de euros, o projeto é liderado pela AFD em conjunto com organizações internacionais do Pacífico. Cerca de 22 milhões de euros já foram destinados a apoiar a criação de uma rede de fazendas agroecológicas permitindo disseminar conhecimentos e desenvolver mercados econômicos de curto circuito para agricultores em Nauru, Fiji, Tonga e Ilhas Salomão
O Fundo LDN (Land Degradation Neutrality)
Financiar a proteção da natureza é um desafio importante. Entre as muitas iniciativas de finança mista público-privada apoiadas pela Cúpula One Planet, o Fundo LDN levantou mais de 200 milhões de dólares para financiar projetos agrícolas e florestais em terras degradadas em países emergentes.
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Ele permitiu, por exemplo, criar um setor rentável de avelãs no Butão, em linha com a ambiciosa política de proteção florestal do Estado himalaio. Este fundo integra-se agora no quadro mais ambicioso da Aliança para a Preservação do Capital Natural, que pretende mobilizar 10 bilhões de dólares para a natureza até 2022.
O projeto Prezode
A pandemia destacou mais do que nunca a ligação intrínseca entre a saúde dos ecossistemas, a saúde animal e a saúde humana. O projeto Prezode (Preventing Zoonotic Diseases Emergence), baseado no conceito “One Health” (“Uma Saúde”), nasceu dos compromissos decorrentes da Cúpula One Planet.
O objetivo é prevenir os riscos de surtos de epidemias, apoiando a pesquisa sobre as relações entre saúde animal, ambiental e humana, colocando assim a biodiversidade no centro dos desafios de prevenção. “O Prezode mobiliza hoje milhares de pesquisadores de 50 países”, indicou Rémy Rioux, diretor-geral da AFD, no Congresso Mundial da Natureza da IUCN.
A Task force on Nature-related Financial Disclosure (TNFD)
Para orientar os fluxos financeiros para investimentos e atividades positivos para a natureza, a AFD participou ativamente do surgimento da Taskforce on Nature-related Financial Disclosure (Grupo de Trabalho sobre Informações Financeiras Relacionadas com a Natureza, TNFD). Ela associa empresas e instituições financeiras para que possam avaliar melhor os impactos de seus investimentos na biodiversidade e os riscos que deles decorrem.
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“Seu trabalho é absolutamente essencial, tal como o foi para o clima”, observa Gilles Kleitz, diretor do Departamento de Transição Ecológica da AFD. Desde sua criação, a TNFD tem beneficiado de um forte interesse por parte de muitos atores, alguns dos quais ocupam um lugar importante na finança internacional.
O acelerador da Grande Muralha Verde
No início de 2021, a França envolveu-se na criação do “Acelerador da Grande Muralha Verde”, uma iniciativa internacional que visa dar um novo fôlego a este projeto faraônico, cujo objetivo é restaurar 100 milhões de hectares de terras degradadas numa faixa de 8 mil quilômetros que vai do Senegal a Djibuti até 2030.
Em Janeiro, os diferentes parceiros, incluindo a AFD, comprometeram-se a mobilizar 14 bilhões de euros de financiamentos suplementares até 2025. Este objetivo já está ultrapassado, uma vez que foram obtidos 16 bilhões de euros.
“Trata-se de um bom começo, porém insuficiente. O Sahel precisa de 4 bilhões de dólares (3,4 bilhões de euros) por ano até 2030 para atingir os objetivos que estabelecemos”, reagiu Ibrahim Thiaw, secretário executivo da Convenção das Nações Unidas, sobre o combate à desertificação.