O que impressiona o visitante recém-desembarcado em Mayotte é sua juventude. Em toda parte, crianças descem as ruas apressadas, ecoando seus gritos alegres para tomar os ônibus escolares. Mais de um terço da população (37%) do 101o. departamento francês vai à escola, e a taxa de natalidade é de cinco filhos por mulher. Uma grande riqueza para este território do oceano Índico, desde que essa juventude beneficie de acompanhamento. A ONG Play International entendeu perfeitamente a importância desses desafios educacionais, numa região onde atua desde 2016.
Apoiada pela Agence Française de Développement (AFD), esta associação de solidariedade internacional, que utiliza o esporte como alavanca de transformação social, implementou diferentes tipos de projetos em Mayotte, em torno do "viver juntos". Ela forma animadores e educadores periscolares e professores da Educação Nacional à "playdagogia", um método que permite conscientizar as crianças e estimulá-las a se exprimirem sobre assuntos como a laicidade ou a exclusão, através de jogos.
Em maio de 2019, acompanhada do atleta paraolímpico Arnaud Assoumani, a Play International animou workshops de playdagogia em Mayotte focados nas desigualdades entre meninas e meninos, em parceria com os stakeholders locais, pois, como destaca o diretor da ONG David Blough, "a educação é um esporte coletivo!".
Oficialmente certificado em novembro de 2012, o setor medicossocial maiotense "é relativamente jovem", nota a Agência Regional de Saúde Oceano Índico (ARS OI). Assim, o suporte das pessoas com deficiência em Mayotte (10440, segundo a Casa Departamental das Pessoas com Deficiência de Mayotte, das quais 3042 de menos de 20 anos) continua insuficiente, mas tende a se desenvolver.
O Plano Regional de Inserção dos Trabalhadores Deficientes (PRITH) da ilha recenseou, em 2016, mais de 1700 jovens de menos de 20 anos em situação de deficiência, 800 dos quais beneficiam de um projeto pessoal de escolarização. Quanto ao trabalho, este organismo constatou que, embora 650 adultos fossem reconhecidos como trabalhadores com deficiência, outros 1200 possuíam uma deficiência, mas não iniciaram procedimentos para reconhecê-la. No total, o setor medicossocial propõe 571 vagas (508 para as pessoas com deficiência e 63 vagas de serviços de enfermagem em domicílio).
Entretanto, o "Plano de Ação para o Futuro de Mayotte", apresentado pela ministra de Além-Mar, Annick Girardin, em maio de 2018, permitiu a criação, em abril de 2019, do Fundo de Desenvolvimento Social no território. Dotado de um fundo de lançamento de 10 milhões de euros, ele é cofinanciado pelo Ministério de Além-Mar e o Conselho Departamental. Esta verba permitirá desenvolver as estruturas de acolhimento de pessoas com deficiência.
A Play International, em parceria com os stakeholders locais, elabora atualmente o primeiro kit de playdagogia criado em Mayotte. A temática escolhida foi o meio ambiente e, sobretudo, a preservação da água, um recurso vulnerável na ilha. O atleta Arnaud Assoumani, bem como representantes do Conselho Departamental, da Agência Regional de Saúde e da Educação nacional, começaram, em maio de 2019, a conceber juntos quatro jogos destinados ao público nacional, e dois específicos para Mayotte.
O 101o. departamento francês participa há anos dos Jogos das Ilhas do Oceano Índico (JIOI), que reúnem, de quatro em quatro anos, as sete delegações: Ilhas Maurício, Seychelles, Comores, Madagáscar, Mayotte, Reunião e Maldivas. Mayotte pretende organizar o evento em 2027 e, para tal, entregou uma pasta junto ao Conselho Internacional dos JIOI. O acolhimento dos Jogos permitiria ao território beneficiar de fundos consideráveis para desenvolver e renovar suas infraestruturas esportivas, já que em Mayotte nenhuma é atualmente conforme às normas internacionais.
O objetivo não é somente acolher esporadicamente esses Jogos, mas oferecer à população de Mayotte equipamentos "dignos" e perenes, como explica Madi Vita, presidente do Comitê Regional Olímpico e Esportivo (CROS). Assim, a ilha está na linha de partida para obter esta vitória para o desenvolvimento do território, que carece cruelmente de equipamentos, especialmente para sua juventude.
Portanto, os talentos existem, os esportistas da ilha perfumada distinguem-se particularmente nos esportes coletivos, futebol, handebol e basquetebol. E as mulheres também jogam, não se importando que a prática de uma atividade esportiva ainda seja considerada "mal vista" para elas, lamenta Madi Vita. Felizmente, os costumes evoluem rapidamente e "de uma geração a outra, basta um piscar de olhos", alegra-se o dirigente do CROS.
O potencial é, porém, bem real; basta acompanhá-lo rumo à vitória. O Estado contribuiu para essa melhoria, já que, em 2018, quase 4 milhões de euros foram investidos, permitindo financiar dois estádios de futebol e obras de renovação de equipamentos esportivos nos municípios do departamento.