750
alunos matriculados até 2026
50%
de alunos bolsistas
25 milhões
de dólares investidos
Após um longo período de guerra, o sistema educativo de Moçambique devia ser totalmente reconstruído. O Estado empenhou esforços consideráveis para matricular a grande maioria das crianças do país. Agora, é preciso propor uma educação de maior qualidade... A AFD apoia esse objetivo ao financiar a Academia Aga Khan de Maputo.

No fim da guerra civil que assolou o Moçambique de 1977 a 1992, menos da metade, menos da metade das crianças do país estava matriculada no ensino primário, e apenas 3,1% no ensino secundário. Nos anos 2000, a política proativa do Estado trouxe de volta a grande maioria das crianças para o ensino primário e secundário. Mas o fraco desempenho da aprendizagem e a insuficiência de docentes qualificados continuam sendo preocupantes.

Em plena consonância com a estratégia de Moçambique em matéria de educação, a AFD está financiando a construção de uma escola de excelência, a Academia Aga Khan, na periferia da capital, Maputo. A academia, um dos 240 estabelecimentos de ensino geridos pela Rede Aga Khan de Desenvolvimento (AKDN), visa fornecer um ensino primário e secundário de excelência para a educação e a formação de futuros profissionais altamente qualificados. O estabelecimento receberá também alunos de famílias de baixa renda, isentos de taxas de matrícula. 

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Um espaço para estudar... e pensar grande
A Academia Aga Khan de Maputo não parou de crescer desde a sua inauguração em 2013. A segunda fase de extensão, a ser concluída no início de 2018, inclui a ampliação das salas – uma por disciplina –, estruturas de desportes e motricidade para diversas faixas etárias, uma biblioteca, uma sala de ensino das artes e um laboratório científico.

“A gente tinha visto as plantas de arquitetura, mas na realidade, o novo prédio é muito melhor do que pensávamos!”, exclama-se o professor de matemática Manuel Henrique. Para os docentes, dispor de salas de aula mais espaçosas é uma clara vantagem. “Agora, vou ter a minha sala exclusiva com o meu material e os alunos poderão guardar os seus trabalhos e instrumentos. Posso me deslocar na sala para ajudar os alunos que precisam”, explica Manuel.

Grandes áreas verdes, uma área para brincar e um campo de desportes fazem com que os alunos possam se divertir e bater papo durante os recreios e gastar energia antes de voltar para a aula. Manuel observou que, graças às novas instalações, as crianças começam a tecer planos para o futuro: “No antigo prédio, os alunos não falavam muito a respeito da sua possível carreira depois da escola. Mas desde a mudança, escuto elas falando da sua futura profissão ou das universidades onde gostariam de estudar. Elas se sentem livres para pensar grande”.
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Lia, especialista em meio ambiente e futura médica
Lia Mamade, aluna da 6ª série, divide com entusiasmo os seus novos conhecimentos sobre a eficiência energética do novo prédio: “Na aula de ciências, fizemos uma avaliação que mostra que esse prédio economiza muita energia, explica a Lia. Por exemplo, os banheiros são iluminados com lâmpadas de baixo consumo que acendem e apagam graças a um sensor. Não temos ar condicionado nas salas pois são ventiladas naturalmente com ventiladores de teto.”

Os alunos também são incentivados a trazer a sua própria contribuiçaõ ecológica. “Temos três lixeiras: uma para o papel, uma para o plástico e outra para o vidro,” explica a jovem. “Depois do almoço, todos colocam os seus resíduos na lixeira correspondente. As economias de energia e a reciclagem são importantes para proteger o meio ambiente.”
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Alunos motivados, professores empolgados
A professora de português Adília Cabral lembra com felicidade os seu primeiro dia na Academia Aga Khan. “O que mais surpreendeu os professores e os alunos quando entramos no novo prédio, foi o espaço!”, exclama Adília. “As salas de aula são grandes e arejadas, há grandes jardins e muitos espaços externos cercados pela natureza onde os alunos podem brincar.” Para Adília, ir à Academia á um prazer cotidiano: “Todo dia, chego cedo para preparar as minhas aulas, sempre com entusiasmo, pois trabalho num lugar em que os alunos e eu somos felizes e com gana de aprender.”

Adília sabe que essas instalações espaçosas e organizadas têm um impacto positivo sobre os alunos. “Eles estão muito mais motivados graças à qualidade desse ambiente de aprendizagem,” observa a professora. “O novo prédio permite que ensinemos dentro ou fora da sala de aula.”

Um dos espaços favoritos das crianças é a biblioteca, judiciosamente localizada no meio das salas de aula, no centro da escola. O seu teto alto, as paredes coloridas e a mobília lúdica criam uma atmosfera alegre e estimuladora que incentiva as crianças a lerem.

“Essa biblioteca é imensa ! Tem tantos livros, e as crianças sempre querem ir. Ela sentam em almofadonas, leem livros e gibis,se contam histórias e, no fim do dia, podem levar os livros para casa”, diz Adília com orgulho.
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Uma aprendizagem de nível internacional

Para esse projeto piloto, a AFD concedeu  um financiamento de 25 milhões de dólares à AKDN para a construção de um campus com um ambiente de aprendizagem e de ensino que responda às normas internacionais. Erguida em um terreno de 90.000 m2, a Academia Aga Khan hoje acolhe 81 alunos – com um número igual de meninas e meninos – desde a pré-escola até o fim do ensino fundamental. Ela pretende receber 750 alunos do ensino primário e secundário até 2026, com 75 diplomados por ano.

As crianças são bilingües em inglês e português desde a idade de sete anos. O seu currículo segue o programa do Diploma Internacional de Segundo Grau, que focaliza a capacidade de desenvolver um pensamento crítico e autônomo e de questionar as coisas com cautela e lógica. Os alunos estudam matérias tradicionais – idiomas, artes, matemática e ciências – mas também temáticas como “os indivíduos e a sociedade”, que devem ajudá-los a entender melhor a política, a sociedade, a cultura, o comportamento e a experiência humana.

Ao focalizar conjuntamente as competências técnicas e o “saber-ser”, a Academia Aga Khan forma indivíduos destinados a se tornarem os futuros líderes de Moçambique. Para melhorar o acesso à educação das crianças talentosas oriundas de famílias pobres, a academia subsidia as taxas de matrícula de 50% dos seus alunos e 10% recebem bolsas integrais. 

Para um ensino de excelência

 

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© Chiara-Maria Frisone / AFD


Os professores locais são recrutados por meio de um concurso nacional e capacitados tanto em Moçambique como na Academia Aga Khan de Mombasa, no Quênia.

A professora de português e desporte, Adília Cabral, havia ensinado por 13 anos antes de entrar na Academia Aga Khan em 2018. Depois de recrutada, ela recebeu uma capacitação de um ano em Mombasa que modificou totalmente a  sua abordagem pedagógica. 

A Academia Aga Khan ressalta a importância de dotar os alunos de competências técnicas, como também de conhecimentos relacionados com a vida cotidiana. “Explicamos como o que ensinamos está ligado á sua vida cotidiana, e incentivamos a fazerem perguntas, compartilharem os seus conhecimentos conosco e com os outros alunos,” completa Adília Cabral. 

Projectos ambiciosos para amanhã

Até a conclusão do projeto em 2026, o campus da Academia Aga Khan incluirá novas salas de aula, um complexo desportivo, um auditório e mais espaços verdes e recreativos.

Parte do terreno será utilizada para construir 90 habitações locacionais cuja renda permitirá garantir a viabilidade de longo prazo da academia e financiar futuras bolsas de estudo para os alunos oriundos de famílias de baixa renda.

Além disso, em breve serão propostas aulas de francês, em parceria com o Centro Cultural Franco-Moçambicano de Maputo. A AFD também iniciou discussões com a AKDN no sentido de financiar a construção de uma academia em Daka, Bangladesh. Já estão sendo previstas trocas entre alunos das três academias existentes (Moçambique, Mombasa no Quênia e Hyderabad na Índia).

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© Chiara-Maria Frisone / AFD