Precariamente equilibradas sobre as encostas áridas do deserto costeiro peruano, as casinhas de bloco de concreto e as barracas de madeira ou chapa de zinco do bairro de Huaycán dizem muito sobre a pobreza que reina nessa parte do distrito de Ate, em Lima. Com 10 milhões de habitantes, a aglomeração urbana da capital do país, situada às margens do Oceano Pacífico, é uma das maiores cidades da América Latina.
A maioria dos habitantes de Huaycán, em grande parte oriundos das zonas rurais, migrou para as periferias de Lima nos anos 1980 e 1990, quando um conflito interno sacudiu violentamente o país.
Com uma forte densidade populacional e problemas de abastecimento de água e eletricidade, os morros do bairro são um instantâneo de todos os aspectos especialmente trágicos dos dramas humanos que acompanham a pobreza. Aqui, o Samu social intervém junto às mulheres e crianças dessas zonas marginalizadas, frequentemente abandonadas pelo Estado, e durante muito tempo consideradas como perigosas.
A AFD apoia a ação do Samu Social Internacional (SSI) no Peru através de uma subvenção de 250 000 euros para o financiamento do projeto "Lutar contra a exclusão social e suas consequências sanitárias e psicossociais nas comunidades desfavorecidas de Lima".
O Samu Social Internacional é uma ONG francesa criada em 1998, por iniciativa do Dr. Xavier Emmanuelli, no contexto do prolongamento da ação tomada no âmbito do Samu Social de Paris desde 1993. O SSI adaptou e desenvolveu seu método de emergência social para assegurar uma resposta humanitária eficaz à situação das pessoas socialmente excluídas, vivendo na rua, nos contextos urbanos dos países em vias de desenvolvimento ou emergentes.
Magaly (à esquerda na foto) trabalha no Samu social de Lima, e sabe perfeitamente o que vivem as mulheres e famílias que visita regularmente: "Eu consegui vencer a violência doméstica. Então, sempre que uma pessoa vem ao centro, digo-lhe que deve continuar a brilhar, e nunca se deixar afundar. Digo sempre a todos que os problemas são como tempestades, e que, como tudo na vida, passam. É preciso continuar a acreditar."
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