Uma bomba-relógio . Estima-se que, a cada minuto, entre 80 e 120 toneladas de resíduos são despejados no mar; grande parte desses resíduos são matérias plásticas. No total, cerca de 8 milhões de toneladas de resíduos plásticos e microplásticos são lançadas todos os anos. Em pleno mar, sob o efeito de correntes circulares,certas áreas apresentam um acumulo tão importante que se fala de “7º continente”.
Se continuarmos nesse caminho, estima-se que, em 2050, o peso dos plásticos será maior que o peso dos peixes.
São muitas as consequências da presença dessas materias no mar: os animais as engolem ou ficam presos nelas, espécies invasoras se aglutinam, são vetores de uma poluição química persistente.
Um desafio mundial
Mais de três bilhões de pessoas dependem da biodiversidade marinha e costeira para viver. Os oceanos fornecem alimentos, mas também medicamentos ou energia. Também desempenham um papel essencial na regulação do clima, ao absorver 30% do dióxido de carbono gerado pelas atividades humanas. É crucial, portanto, mantermos oceanos limpos, preservados e produtivos.
A limpeza no mar ou nas praias é útil e mobilizadora, mas é preciso também tratar a questão dos resíduos na sua origem: limitar a sua produção e, quando for produzido, garantir o seu processamento total. É simples: temos fontes de poluição demais, e esforços de processamento de menos!
Considerando que a poluição dos oceanos por plásticos decorre de fontes múltiplas de resíduos, é preciso fazer com que os atores envolvidos, Estados, entes subnacionais ou empresas, tenham a possibilidade e os recursos para tratá-las sistematicamente, uma por uma. É esse o objetivo da iniciativa Clean Oceans: acompanhar os parceiros da KfW, do BEI e da AFD na via das soluções sustentáveis de processamento de resíduos.
Ela visa financiar projetos que tencionam :
- aumentar o processamento direto pelos produtores de resíduos.
- equipar os entes subnacionais com recursos de coleta e processamento.
- melhorar a gestão dos resíduos nos portos, com vistas a reduzir os resíduos marinhos procedentes de navios e do transporte fluvial.
- apoiar as ações cidadãs de mobilização e educação.
- desenvolver o mercado da reciclagem.
- criar instalações de tratamento de esgoto que permitam reduzir o despejo de plásticos e outros poluentes nos rios e oceanos.
Juntas, as três instituições tencionam consagrar 2 bilhões de euros em 5 anos para esses projetos.
Clean Oceans focalizará as as áreas ribeirinhas e costeiras dois países em desenvolvimento da Ásia, África e Oriente Médio. De fato, 90% dos resíduos plásticos penetram os oceanos pelas dez grandes redes fluviais localizadas na África e na Ásia, onde a coleta regular e a eliminação controlada dos resíduos muitas vezes inexistem.
Os oceanos são um bem comum essencial para o futuro da humanidade. Juntos devemos encontrar formas corajosas de zelar pela proteção dos oceanos contra a poluição e degradações irreversíveis.