Indonésia: a meteorologia marinha na vanguarda

publicado em 06 Janeiro 2020
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Indonésia, meteorologia marinha
Um projeto de reforço das capacidades no setor da meteorologia marinha acaba de ser lançado na Indonésia. Objetivo: lidar com os fenômenos meteorológicos extremos, cada vez mais frequentes, e melhorar a resiliência das populações costeiras através da coleta de dados.

Com mais de 17 mil ilhas, a Indonésia é o maior arquipélago do mundo e um vasto domínio marítimo que constitui um elemento importante da identidade, segurança e desenvolvimento do país. O aumento das atividades marítimas nessas águas e as consequências das mudanças climáticas geram, aliás, uma demanda crescente de informações e serviços fiáveis por parte da BMKG, a agência nacional de meteorologia, climatologia e geofísica. Para responder a esses eventos, a instituição pretende desenvolver suas capacidades em termos de meteorologia marinha. 


Antecipar melhor os fenômenos extremos 

As mudanças climáticas são uma séria ameaça para o país, tanto em termos socioeconômicos como econômicos, especialmente porque 50 milhões de pessoas vivem num raio de 3 km da costa. O relatório do IPCC, publicado em 2018, prevê um aumento considerável dos tufões, chuvas mais abundantes e episódios de seca no arquipélago daqui a alguns anos. 

O relatório sublinha a necessidade de sistemas eficazes de coleta, análise e divulgação de dados sobre as condições atmosféricas marítimas para as populações e os setores expostos a estes fenômenos. Concretamente, a ideia é poder prever e antecipar essas catástrofes, divulgar a informação com antecedência suficiente para limitar os danos e desenvolver inovações para manter as populações e os atores costeiros e marítimos informados.


Uma mobilização francesa contínua 

Entre 2012 e 2015, a BMKG já havia iniciado uma obra de modernização com um projeto de reforço das capacidades financiado pelo Tesouro francês, que havia permitido consolidar sua rede de observação terrestre em 33 províncias e criar um sistema de informação homogêneo a nível central (Jacarta) e regional (cinco centros regionais).

A fim de prosseguir este esforço, foi lançado, em 19 de dezembro do ano passado, um segundo programa destinado a estabelecer um sistema completo de informação, previsões meteorológicas e climáticas e serviços marítimos aos usuários. A Agence Française de Développement (AFD) apoia este projeto através de um empréstimo e de assistência técnica à altura de 65 milhões de euros, em conformidade com sua prioridade estratégica no setor marítimo, em especial, em matéria de transporte marítimo, pesca, oceanografia e meteorologia marinha. O Tesouro francês contribui, por sua vez, à altura de 43 milhões de euros.

Este projeto inclui a melhoria das capacidades de modelização e previsão da meteorologia marítima, o fornecimento de equipamentos para reforçar o sistema de observação e a coleta de dados, bem como apoio à BMKG na divulgação de seus produtos aos vários atores da “economia azul” e no reforço de suas capacidades.


Desafios internacionais

O projeto também contribuirá para melhorar as capacidades de planejamento e adaptação das populações, dos serviços de gestão de riscos e dos atores econômicos marítimos, bem como para reduzir as perdas econômicas resultantes de catástrofes naturais e eventos climáticos recorrentes. O monitoramento e o conhecimento dos oceanos e das mudanças climáticas serão melhorados para antecipar as medidas de adaptação e favorecer a resiliência das populações mais vulneráveis aos riscos climáticos.

O reforço da agência nacional de meteorologia é um projeto estruturante, jubila Adeline Souf, responsável de estudos na agência AFD de Jacarta. Seis milhões de pessoas vivem diretamente da pesca, e 25% do tráfego marítimo mundial atravessa o estreito de Malaca. Acrescentando que a temperatura da água e as características do ar situado acima dos mares indonésios influenciam fenômenos climáticos como as monções asiáticas ou o El Niño, vemos todo o interesse de reforçar os sistemas de análise climática na Indonésia.”