Mar Merita Blat: “A AFD está convicta de que uma melhor inclusão das mulheres desenvolve a sociedade como um todo”

publicado em 08 March 2021
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Reforço dos direitos econômicos e sociais das mulheres, sensibilização aos direitos à saúde sexual e reprodutiva e ao direito de dispor de seu corpo... Por ocasião do dia 8 de março, Mar Merita Blat, especialista em matéria de gênero na AFD, declinará os diferentes eixos de intervenção do Grupo em favor da igualdade entre os sexos.
A AFD afirma-se hoje como uma agência “decididamente feminista”. Como esta forte ambição se encaixa na estratégia global do Grupo?  

Mar Meria Blat

Mar Merita Blat: Na AFD, estamos convencidos de que esta noção é agora incontornável para promover eficazmente a igualdade entre os sexos e a defesa dos direitos das mulheres, para garantir que todas as mulheres e todos os homens sejam livres de fazer suas próprias escolhas sem serem limitados por discriminações, desigualdades e estereótipos de sexo e de gênero.

É por isso que, de um ponto de vista estratégico, fizemos da igualdade entre os sexos um marcador forte de nossa estratégia 100% relação social, com a convicção de que uma melhor participação das mulheres desenvolve a sociedade como um todo, tornando-a mais justa e inclusiva.

As alavancas para promover políticas públicas e programas que apoiem concretamente a capacitação das mulheres e a igualdade entre os gêneros são múltiplas: dispor de recursos humanos, com equipes dedicadas a este tema, mas também dispor de uma rede de referentes de gênero e de gestores empenhados nesta matéria, propor medidas ambiciosas sobre a igualdade profissional, dedicar recursos financeiros através de nossas operações e nossos financiamentos dedicados ou, ainda, desenvolver parcerias e uma comunicação ambiciosa sobre esta temática.

Em termos de financiamento, a AFD tem metas para 2022 estabelecidas pela Estratégia Internacional da França para a Igualdade de Gênero 2018-2022: 50% do volume de compromissos sensível ao gênero. Em 2020, apesar de um contexto de extrema fragilidade mundial, superamos esse objetivo, atingindo 67,1% de volume anual de compromissos, tendo por objetivo principal ou significativo a igualdade entre mulheres e homens.


Poderia nos dar alguns exemplos de operações emblemáticas que sustentam os valores feministas da AFD?

Nossas operações concentram-se em dois eixos principais: reforço dos direitos econômicos e sociais das mulheres, sensibilização aos direitos à saúde sexual e reprodutiva e ao direito de dispor de seu corpo.

No que se refere ao primeiro eixo, atuamos na Colômbia, por exemplo, ao lado da ONG Taller abierto, que acompanha as comunidades afro-colombianas afetadas pela violência e trabalha para uma maior inserção das mulheres na sociedade.

Na República Centro-Africana, apoiamos financeiramente o desenvolvimento de um centro de assistência às vítimas de violência sexual e de violência baseada no gênero, em parceria com a Fundação Dr. Mukwege e a Fundação Pierre Fabre, que compreende quatro vertentes de assistência: médica, psicossocial, jurídica e reinserção social.

Quanto ao segundo eixo, vale a pena mencionar o projeto tunisiano Enda, que propõe microcréditos, formações adaptadas e campanhas de sensibilização sobre os direitos socioeconômicos das mulheres, a fim de dinamizar o empreendedorismo feminino no país. Desde a criação deste programa, mais de 800 mil lares puderam participar da economia do país, incluindo mais de 60% de mulheres.

Também apoiamos a iniciativa AFAWA à altura de 10 milhões de euros. Liderada pelo Banco Africano de Desenvolvimento, tem por objetivo eliminar os obstáculos estruturais enfrentados pelas mulheres empresárias do continente africano, principalmente, as que vivem em meio rural, que deve permitir o acesso a financiamentos e formações adaptadas, a fim de favorecer a participação das mulheres nas economias locais e assegurar-lhes uma fonte de renda perene.


O que a AFD espera do Fórum Geração Igualdade, que terá lugar no primeiro semestre de 2021, e que eixos de intervenção serão privilegiados na promoção da igualdade entre os sexos?

Esperamos que o Fórum Geração Igualdade proponha ações concretas para continuar a promover a igualdade entre mulheres e homens, 25 anos após a Plataforma e a Declaração de Pequim. Este roteiro é necessário para o êxito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em 2030, especialmente o ODS nº 5 sobre o gênero. É por isso que a AFD faz parte da equipe da Secretaria-Geral do Fórum Geração Igualdade (FGE).

Concretamente, nossa primeira missão é criar o Fundo de Apoio às Organizações Feministas (FSOF), ao lado do Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros. Seu objetivo é apoiar as organizações femininas da sociedade civil que operam nos países parceiros da política de desenvolvimento da França. Este fundo mobilizará, durante três anos, 120 milhões de euros para financiar as atividades dos movimentos feministas no mundo. Ele se destina às organizações da sociedade civil local que atuam em prol da igualdade entre mulheres e homens, dos direitos das mulheres e meninas e das questões de gênero.

Já a segunda, que será objeto de um balanço por ocasião do FGE, é consolidar a coalizão de bancos de desenvolvimento em torno do gênero. A Cúpula Finança em Comum, que teve lugar em novembro de 2020, foi uma oportunidade para propor uma Declaração dos bancos de desenvolvimento sobre a igualdade de gênero e a emancipação das mulheres, atualmente assinada por 26 bancos de desenvolvimento.

Neste contexto, organizamos, junto com a ONU Mulheres, grupos de trabalho em torno das questões de financiamento da igualdade, das boas práticas e da responsabilidade, e financiamos o estudo do International Development Finance Club (IDFC) sobre práticas externas de igualdade de gênero.

Este estudo proporá 10 planos de ação sobre o gênero para cada um dos bancos voluntários do IDFC. Estes trabalhos prosseguirão na segunda vertente da Cúpula Finança em Comum, que terá lugar em novembro próximo.