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mulheres - menstruação - higiene menstrual
Em muitos países, a menstruação não apenas é tabu, como também implica estigmatização, exclusão e constitui um freio à educação das meninas e à emancipação das mulheres. Desde 2014, a cada 28 de maio, é celebrado o Dia da Higiene Menstrual (DHM), que tem por objetivo aumentar a sensibilização sobre o assunto. Este ano, a AFD se associa ao evento.
Margaux Chinal, chefe de projeto no âmbito do programa Água e Saneamento na AFD, ressalta a importância da ação pública e o papel que os doadores podem ter na melhoria das condições de higiene menstrual.
Margaux Chinal AFD
Margaux Chinal, chefe de projeto no âmbito do programa Água e Saneamento na AFD



Por que dedicar um dia de sensibilização à higiene menstrual? 

O Dia da Higiene Menstrual (DHM), iniciado pela ONG WASH United em 2014 e celebrado todos os anos em 28 de maio (28 dias num ciclo menstrual dos quais 5 de menstruação), foi criado para quebrar a regra do silêncio em torno da menstruação, um tema particularmente sensível praticamente no mundo inteiro. Trata-se de um dia de conscientização e reivindicação que promove o direito à educação de meninas e mulheres sobre a higiene menstrual, o acesso aos produtos de higiene para todas e a luta contra a estigmatização associada à menstruação.

O objetivo é sensibilizar sobre a importância e as consequências da menstruação na vida das mulheres e meninas, bem como incentivar as autoridades públicas e a comunidade internacional a tomar medidas importantes para melhorar as condições de gestão da higiene menstrual para todas.

Os obstáculos à melhoria das condições de gestão da higiene menstrual são muitos: tabus persistentes, crenças discriminatórias profundamente arraigadas, educação deficiente das meninas, falta de sensibilização de todos sobre a questão, acesso limitado ou inexistente a produtos de higiene adequados e a infraestruturas de água e saneamento adaptadas.


Em que medida uma boa higiene menstrual condiciona o acesso a todos os outros direitos para as mulheres?

Não poder gerir seus períodos menstruais corretamente implica não poder ter liberdade de movimentos durante 5 dias a cada mês! Em função do país, isto pode significar ficar fechada em casa, faltar à escola, faltar ao trabalho, e, até mesmo, ser obrigada a se afastar de sua aldeia…

Uma má higiene menstrual pode causar problemas de saúde (por exemplo, a utilização de produtos higiênicos inadaptados aumenta em 70% o risco de infecção vaginal), comprometer a escolarização das meninas e impactar fortemente a emancipação das mulheres na sociedade.

 


Em 2019, milhões de mulheres e meninas ainda encontram-se confrontadas com a impossibilidade de gerir suas menstruações em boas condições, e frequentemente são obrigadas a abandonar a escola ou o trabalho, evitar lugares públicos, se esconder, colocar sua saúde em perigo e, às vezes, a própria vida.

Esta estigmatização está em toda parte, embora se manifeste de diferentes maneiras. Países como a Índia, o Nepal e certas regiões da África Subsaariana são, sem dúvida, as áreas mais delicadas. Podemos citar números simples: na África, 1 em cada 10 meninas falta às aulas durante o período menstrual. Na Índia, 70% das meninas não conhecem a existência da menstruação ao aparecimento de suas primeiras regras...

E alguns fatos: em certas comunidades do Nepal, as mulheres são obrigadas a se afastar de suas aldeias durante as regras. Elas se refugiam em abrigos improvisados, às vezes, pondo em risco as próprias vidas. Várias mortes são contabilizadas a cada ano. Contudo, os países em desenvolvimento não são os únicos afetados. A França também tem progressos a fazer para erradicar os tabus associados à menstruação!  


Que papel a AFD pode exercer na evolução desse desafio?

De um ponto de vista operacional, existem soluções. A AFD contribui, em parte, graças a certos projetos nos setores de saúde, água e saneamento e educação. A melhoria do acesso a água e saneamento, o equipamento das escolas, a educação das meninas e a conscientização de todos a respeito da higiene menstrual, juntamente com a melhoria da disponibilidade dos produtos de higiene, são algumas das intervenções em prol de uma melhor gestão da higiene menstrual.

Diante da importância do assunto, e para ir mais longe, a AFD cofinancia, lado a lado com o Ministério da Europa e das Relações Exteriores e o Alto Comissariado para a Economia Social e Solidária, desde o início de 2019, um estudo de viabilidade para a realização de um projeto dedicado à melhoria das condições de gestão da higiene menstrual em meio escolar, no Níger e na Etiópia. Um instrumento de financiamento inovador (contrato de impacto de desenvolvimento) está em estudo e poderia permitir responder melhor às necessidades. Para a AFD, este seria o primeiro projeto 100% dedicado à gestão da higiene menstrual.


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