As grandes preocupações mundiais, sobretudo as mudanças climáticas, o declínio da natureza e as desigualdades entre seres humanos, exigem uma ação concertada de grande envergadura a todos os níveis. O desafio consiste em promover uma transformação estrutural profunda de todas as economias para aumentar sua produtividade, tornando-as inclusivas e de baixo carbono.
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Quer atuem a nível local, nacional, continental ou internacional, os bancos públicos de desenvolvimento (BPDs) são instrumentos-chave para ajudar os governos a financiar uma rápida recuperação da crise da Covid-19. Trata-se também de transformar, a longo prazo, os modelos econômicos existentes, para que sirvam bem melhor os indivíduos e o planeta.
28 pesquisadores e 20 instituições mobilizados no mundo
Neste contexto, um programa de pesquisa internacional liderado pelo Institute of New Structural Economics (INSE) foi criado em 2019, apoiado pelo International Development Finance Club (IDFC), a Agence Française de Développement (AFD) e a Fundação Ford. Este programa reúne 28 pesquisadores provenientes de 20 instituições ao redor do mundo, incluindo o INSE na China, as universidades de Columbia e de Boston, nos Estados Unidos, a Fundação para os Estudos e as Pesquisas Internacionais (FERDI) e o Instituto do Desenvolvimento Sustentável e das Relações Internacionais (IDDRI), na França, o Overseas Development Institute, ODI, na
Inglaterra, o Departamento dos Negócios Econômicos e Sociais (DAES) e a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), bem como bancos de desenvolvimento, tais como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), no Brasil.
Este programa é um meio eficaz de reunir os melhores especialistas a nível mundial, como explica Stephany Griffith-Jones, economista especializada em finança e desenvolvimento internacionais nas Universidades de Columbia e de Sussex, e coordenadora da iniciativa de pesquisa internacional sobre os BPDs, juntamente com Régis Marodon, especialista em finança sustentável na AFD, e Jiajun Xu, professor no INSE.
“A Iniciativa Internacional de Pesquisa sobre os BPDs reúne pesquisadores das melhores universidades do mundo”, estima Stephany Griffith-Jones. Esta avaliação permitiu estudar como melhorar a eficácia dos BPDs em diferentes categorias de países e regiões. Ela focou, em particular, a busca dos melhores modelos de negócios e as evoluções necessárias às regulamentações financeiras para maximizar seu impacto no desenvolvimento e nas condições de uma melhor governança. Além disso, também analisa como os BPDs podem canalizar os financiamentos da forma mais eficaz possível para tornar a economia mais sustentável e mais justa, do ponto de vista ecológico, e ajudar os países a se recobrarem da crise da Covid-19”.
10 recomendações formuladas
Constituída por cinco grupos de trabalho abertos e temáticos, a iniciativa permite cobrir todos os desafios-chave identificados por Stephany Griffith-Jones. Ao todo, dezesseis trabalhos foram publicados no âmbito deste programa de pesquisa. Com base em todos estes resultados, Stephany Giffith-Jones, Régis Marodon e Jiajun Xu formularam uma síntese com dez recomendações-chave para os decisores, consultáveis desde já.
Trata-se de um primeiro passo decisivo para uma melhor compreensão dos BPDs. Um novo campo de exploração abre-se agora, desta vez com base numa coleta de dados mais sistemática, como explica Régis Marodon: “Os dados são importantes para provar os fatos e diferenciá-los de opiniões; no que se refere aos BPDs, fomos confrontados com diversas opiniões, mas pouquíssimos números. Uma base de dados, agora proposta em open source, propõe uma resposta a esta questão e abre novos e excitantes campos de pesquisa.”
Consulte o documento detalhado: 10 recomendações estratégicas para os decisores políticos relativas aos bancos públicos de desenvolvimento