• logo linkedin
  • logo email
treinamento de padaria vietnam AFD
May Myat Thu é originária da Birmânia. Thiên Vu vem do Vietnã. Apesar de suas diferenças culturais, os dois jovens têm vários pontos em comum: ambos provêm de regiões desprivilegiadas e tiveram que interromper os estudos antes de chegar à universidade. Mas acima de tudo, os dois seguem uma formação para aprender as atividades da panificação, graças a um projeto da escola La Boulangerie Française supervisado pelo Instituto Europeu de Cooperação e Desenvolvimento (IECD) e financiado pela AFD.

Vocês dois possuem percursos muito particulares… Podem nos contar mais sobre suas histórias?

Thiên Vu: Eu cresci no distrito 9, em Ho Chi Minh, no sul do Vietnã, numa casinha de dois cômodos, onde vivia com meus pais e minha irmãzinha. Meu pai trabalha no setor da construção, e minha mãe é dona de casa. Aos 15 anos, tive que parar de estudar para trabalhar, porque meus pais estavam com problemas de dinheiro. Decidimos fazer o máximo para que minha irmã pudesse continuar a estudar: as mulheres já são suficientemente desfavorecidas, em relação aos homens, e queríamos lhe oferecer as melhores oportunidades possíveis na vida.

May Myat Thu: Pessoalmente, venho de uma pequena aldeia da região de Ayeyarwady, situada no delta da Birmânia. Quando tinha 8 anos, nossa aldeia foi devastada pelo ciclone Nargis, e fomos obrigados a partir. Fui acolhida num convento de freiras, e meus pais foram instalados pela Igreja numa casinha de madeira situada a 8 horas de estrada do convento. Embora tenha continuado a estudar no convento, não terminei o segundo grau. Decidi me reorientar para algo mais concreto.


Quais são as principais preocupações dos jovens no seu país?

May Myat Thu: É difícil encontrar um emprego e se emancipar. As profissões pouco qualificadas, como a de operária, não permitem ganhar o suficiente para atender às necessidades de uma família inteira, sobretudo em termos de educação. Geralmente, os jovens se preocupam muito com o futuro e seus primeiros anos na vida ativa.

Thiên Vu: No Vietnã é a mesma coisa. Minha geração se preocupa por não conseguir emprego, principalmente porque as empresas querem sistematicamente gente com experiência. A desigualdade é muito grande, mas a maioria dos jovens que conheço espera melhorar suas condições de vida. Além disso, a preocupação em matéria ambiental é cada vez maior: sobretudo graças às redes sociais, estamos cada vez mais conscientes da urgência de agir. Por exemplo, no Vietnã, utilizamos muito plástico, mas os jovens são cada vez mais numerosos a militar para reduzir esse consumo e preservar o meio ambiente.


Que perspectivas esta formação em panificação oferece a vocês?

Thiên Vu: Quando ouvi falar da formação por um de meus primos, já estava com 22 anos. Eu estava meio que perdido, sem saber o que fazer da vida. Esta formação me abre novas perspectivas, para conseguir ajudar minha família fazendo um trabalho que me dá prazer. Após a formação, acho que não terei dificuldade para encontrar emprego, e serei mais bem pago do que se exercesse um trabalho informal. Depois disso, gostaria de trabalhar durante cinco a dez anos e, então, abrir minha própria padaria.

May Myat Thu: Para mim, esta formação é uma oportunidade de garantir meu futuro, aprendendo uma profissão que me servirá a vida inteira. Meus pais ainda vivem na mesma casa disponibilizada pela Igreja. Eu gostaria de ajudá-los financeiramente, para que possam reconstruir outra casa e para que meus sete irmãos e irmãs possam crescer em boas condições. Também gostaria de economizar para abrir minha própria padaria, idealmente daqui a dez anos.