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Mélange de plancton FFEM AFD
Os ecossistemas marinhos e costeiros desempenham um papel fundamental na regulação do clima e na atenuação dos impactos das mudanças climáticas. Sumidouros de carbono, bombas de calor, combate à erosão, atenuação do impacto dos tsunamis... Apresentamos aqui um panorama, em fotos, dos diferentes “serviços” prestados pelo oceano.

Você sabia? Nossos oceanos absorvem quase um quarto das emissões antropogênicas de dióxido de carbono. As zonas costeiras e marinhas desempenham, assim, um papel decisivo na regulação climática, abrigando, ao mesmo tempo, ecossistemas únicos e essenciais ao desenvolvimento dos territórios.

Descubra a extraordinária capacidade de regulação destes ecossistemas, a complexidade de suas interações e de sua biodiversidade, que contribuem para reforçar a estabilidade e a resiliência do nosso planeta. O plâncton em toda a sua diversidade, os manguezais e os recifes nas regiões tropicais, bem como as macroalgas, ocupam um lugar de honra.

Estas fotografias e testemunhos de pesquisadores são extraídos da obra coletiva “Os Ecossistemas Marinhos na Regulação do Clima”, coordenada pelo FFEM (Fundo Francês para o Meio Ambiente Mundial), em parceria com a Fundação Tara Expéditions.

  • O oceano, reservatório de vida 

“O oceano constitui o maior espaço de vida do planeta, cobrindo atualmente 70,8% da superfície da Terra. Com uma profundidade média de cerca de 3800 metros, o oceano deve ser pensado em termos de volume, da ordem de 1,37 bilhões de km3. A principal característica deste meio gigantesco é sua continuidade e, portanto, sua conectividade.”

Gilles Bœuf

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Esponjas e anêmonas (Yasawa, Fidji) © Thomas Vignaud

 

A estabilidade do oceano, pelo menos há 100 milhões de anos, é absolutamente extraordinária: pH, pressão osmótica e salinidade, temperatura, conteúdo de gases dissolvidos.

A biodiversidade marinha que nela se desenvolve, ainda largamente desconhecida, é consideravelmente mais que uma lista de espécies, é todo um conjunto de interações estabelecidas entre os seres vivos e seu meio ambiente.

Com base nesta biodiversidade, o homem pesca desde tempos ancestrais, sem dúvida, há centenas de milhares de anos.

Inicialmente, a vida era exclusivamente marinha, e o oceano atual ainda conserva seu papel primordial na evolução da vida e do clima.

  • O oceano, reservatório de calor

“A máquina climática funciona graças à energia solar, e o oceano é seu principal receptor, absorvendo cerca de 60% da radiação solar que penetra no sistema climático. A atmosfera, bastante transparente à radiação solar, absorve duas vezes menos.”

Bruno Voituriez

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Passe Sul de Fakarava, Polinésia Francesa © Thomas Vignaud

 

As trocas permanentes de energia e calor entre a atmosfera e o oceano provocam alterações de temperatura e salinidade. As variações de densidade resultantes dessa interação produzem uma circulação profunda, dita “termohalina”: as águas mais densas afundam, enquanto as mais leves sobem.

Estas correntes oceânicas redistribuem o excesso de calor recebido nas zonas equatoriais para os polos.

  • O oceano, ator da mudança climática 

“Ator, porque contribuiu significativamente a atenuar a dimensão da mudança climática contemporânea, absorvendo 93% do calor acumulado na atmosfera devido ao aumento do efeito estufa; captando mais de um quarto das emissões antropogênicas de CO2 desde 1750; e recebendo a quase totalidade da água produzida pelo derretimento do gelo.”

Jean-Pierre Gattuso e Alexandre Magnan

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Laguna de Rangiroa na maré baixa © Thomas Vignaud


 
O oceano também é vítima das mudanças climáticas. O aumento do teor de CO2 dissolvido na água do mar provoca uma diminuição do pH e uma redução dos íons carbonatados. Este fenômeno, conhecido como acidificação oceânica, ameaça todos os organismos marinhos que possuem um esqueleto calcário.

A temperatura das águas oceânicas superficiais está aumentando. As consequências serão grandes: migração de espécies, perturbação das trocas de oxigênio, branqueamento dos recifes de coral. A subida do nível do mar também resultará na submersão mais ou menos temporária das planícies costeiras e na salinização dos solos nas zonas costeiras.

  • À origem da vida, o fitoplâncton 

“Plâncton, atmosfera e clima estão irremediavelmente ligados, e isso desde os primeiros vestígios de vida no planeta. Esta história começa há mais de 3 bilhões de anos, quando cianobactérias fotossintéticas, tirando sua energia da luz do sol, começaram a injetar oxigênio numa atmosfera primitiva desprovida deste elemento.”

Christian Sardet

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Mistura de protistas, Baía de Toba (Japão) © Christian Sardet/Tara Oceans/CNRS/Exposição Chroniques du Plancton


 
Os organismos microscópicos de plâncton capazes de fotossíntese (fitoplâncton) são grandes reguladores climáticos devido à sua capacidade de produzir biomassa, absorvendo e regulando assim o CO2 atmosférico.

No fim da vida, esta matéria orgânica sedimenta-se sob a forma de cadáveres, detritos e excrementos, alimentando as criaturas abissais. Esta “neve marinha” transporta há milhões de anos uma gigantesca quantidade de carbono para o fundo dos oceanos. O conjunto do processo constitui a “bomba de carbono”.

  • O mangue, ponto de encontro das águas doces e marinhas 

“O mangue vermelho, caracterizado por suas grandes raízes palafitas, prospera na orla marítima em solos muitas vezes encharcados, fazendo desta espécie um emblema para a captura e armazenamento de CO2 atmosférico.”

Cyril Marchand

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A ilha de Fadiouth (Petite-Côte, Senegal) e aquarela © Valérie Fakir - aquarela © Céline Bricard


 
O mangue é um grupo de árvores, arbustos e bancos que crescem na zona de balanço das marés, nos trópicos. A mistura destas águas, combinada a uma forte evapotranspiração, induz uma vasta gama de salinidade que leva a uma zoneação do mangue em franjas mais ou menos distintas, paralelas à linha costeira, cada uma dominada por uma espécie vegetal diferente.

A capacidade do mangue para transformar o CO2 atmosférico em matéria orgânica através da fotossíntese é muito forte.

Além desta fixação, o armazenamento de carbono em solos de manguezais é particularmente importante: estimado em cerca de 10 t de CO2 equivalente/ha/ano. Trata-se de solos saturados de água e os processos de decomposição dos resíduos vegetais, que formam o leito, são muito lentos devido à falta de oxigênio necessário aos decompositores (bactérias e fungos).

  • Recifes de coral, muralhas nutridoras

“Formados pela acumulação de esqueletos de coral solidificados pela atividade biológica de organismos como as algas calcárias, os recifes de coral constituem verdadeiras barreiras que protegem as costas e seus habitantes contra tempestades, ciclones e tsunamis.”

Serge Planes e Denis Allemand

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Platygyra acuta no microscópio eletrônico (Mar Vermelho) © Éric Tambutté - Centro Científico de Mônaco - Scientific Centre of Monaco (CSM)


 
Um recife pode quebrar até 97% da energia das ondas e reduzir sua altura de 85%, ajudando a atenuar os impactos durante eventos climáticos extremos. Também constituem uma considerável fonte de renda para muitos territórios insulares.

Estima-se que 30 milhões de pessoas no mundo dependem dos recifes para sua alimentação.

Os recifes de coral enfrentam regressões dramáticas: quase 25% deles desapareceram nos últimos 20 anos.

  • Sob a copa dos grandes viveiros de algas 

“As macroalgas são onipresentes nos habitats costeiros, desde campos de algas laminárias ou grandes florestas de kelp, até recifes de coral onde predominam espécies calcárias, até viveiros de Fucales (Sargassum) que formam uma copa sob a superfície da água. Muitos estudos destacam a capacidade das macroalgas para reduzir os gases de efeito estufa.”

Claude Payri

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Floresta de laminárias (Bretanha, França), Estação Biológica de Roscoff © Sandrine Ruitton

 

As florestas e campos de algas desenvolvem-se ao longo das costas rochosas e ocupam perto de 58000 km de linha costeira, desde as altas latitudes até as regiões tropicais.

Sua taxas de produção primária e de renovação são muito altas, mas, ao contrário dos bancos de fanerógamas e manguezais, há pouco ou nenhum aterro de matéria orgânica.

Quando submetidas a um estresse, algumas algas liberam rapidamente íons iodetos voláteis.

Sob o efeito da luz (fotólise), este iodo se complexa com o ozônio do ar em partículas que condensam, em seguida, o vapor de água, levando à formação de nuvens como o estratocúmulo.