Uma COP azul? É assim que a COP 25 da convenção sobre as mudanças climáticas é apresentada nos últimos meses. É verdade que, pela primeira vez, os oceanos e seu papel na luta contra as mudanças climáticas estarão em destaque na agenda de Madri. Enfim?
Cobrindo mais de dois terços da superfície do globo, os oceanos fornecem serviços essenciais à manutenção da vida na Terra. Mais de três bilhões de pessoas vivem da biodiversidade marinha e costeira. Apesar disso, o papel dos oceanos na regulação climática é crucial e ignorado: eles absorvem mais de 25% do CO2 emitido anualmente pelos seres humanos e fornecem 50% do oxigênio produzido no planeta, bem como mais de 90% do calor das emissões de gases de efeito estufa.
Proteger melhor os oceanos
Manter os oceanos saudáveis é, então, fundamental para limitar os impactos das mudanças climáticas. Durante esta COP, em Madri, o desafio é garantir que os oceanos - e sua preservação diante da acidificação, da superexploração, da poluição, etc. - sejam corretamente considerados, por todos os países, nas negociações sobre o clima.
O relatório especial do IPCC sobre os oceanos e a criosfera, publicado em setembro, será primeiro submetido a debates e a uma possível adoção pela COP. Trata-se de uma etapa importante, tendo em conta suas implicações.
Nos próximos dias, várias iniciativas importantes serão anunciadas para proteger melhor os oceanos. Com 6 mil quilômetros de litoral, o Chile, país que preside a COP, fez desta questão uma prioridade.
Serão também apresentadas recomendações operacionais claras para incluir nas Contribuições Nacionais Determinadas (CND) soluções baseadas nos ecossistemas oceânicos (mangues, bancos e florestas de algas, etc.).
Embora seja particularmente vulnerável às alterações climáticas, o oceano é também parte da solução para lutar contra o aquecimento global
Esta COP é também uma oportunidade para compreender a interdependência entre o sistema climático e a biodiversidade e melhorar nossa ação. A França comprometeu-se a fazer da biodiversidade uma prioridade global com vista à adoção de um acordo no outono de 2020, durante a Conferência das Partes na Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), na China. Os desafios do combate às mudanças climáticas e da preservação da biodiversidade estão se tornando mais interdependentes do que nunca.
A Agence Française de Développement apoia e acompanha estas ambições francesas, e financia, há anos, projetos relacionados com os oceanos: entre 2008 e 2018, esses financiamentos permitiram acompanhar 251 projetos de desenvolvimento, totalizando 4,8 bilhões de euros. O clima e a biodiversidade também fazem parte das prioridades estratégicas da AFD.
Um apoio de alto nível
Este evento no Pavilhão França, em Madri, permitirá abrir a COP azul, em presença de Brune Poirson, Secretária de Estado do Ministro da Transição Ecológica e Solidária, Valérie Masson-Delmotte (copresidente do grupo nº 1 do IPCC) e Rémy Rioux (Diretor-Geral da AFD).
A Plataforma Oceano e Clima (POC) está à origem desta manobra. A POC é uma coalizão de 70 atores reunidos em torno da seguinte mensagem: “Oceano saudável, clima protegido”. Ela trabalha, desde 2014, para uma melhor compreensão das interações entre o oceano e o clima e a integração dos oceanos às negociações climáticas, e contribui com expertise científica, conduz ações de mobilização da sociedade civil e presta apoio e expertise ao governo francês. A AFD apoia financeiramente as ações da Plataforma desde maio de 2019.