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IUCN
O Congresso Mundial da Natureza da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), realizado de 3 a 11 de setembro em Marselha, colocou a proteção da biodiversidade no centro da agenda internacional. Vale lembrar os 6 pontos seguintes.

1Uma mobilização muito forte em prol da biodiversidade

Com 4 mil participantes da sociedade civil, de governos, de empresas ou de universidades, presentes em Marselha, e alguns milhares de outros on-line, o Congresso constituiu “um momento de mobilização muito importante para a biodiversidade”, observa Gilles Kleitz, diretor do Departamento de Transição Ecológica da AFD.

Cerca de 1300 sessões interativas - mesas redondas, exposições, formações, visitas - foram organizadas em torno de uma série de temas relacionados à biodiversidade: áreas protegidas, mainstreaming, financiamento, soluções baseadas na natureza... “Chegou-se agora a um consenso sobre as duas grandes respostas a dar à crise da biodiversidade: proteger a natureza e tornar a economia e as finanças mais verdes”, enfatiza Gilles Kleitz. “Estas duas respostas são complementares e devem ser os dois pilares do acordo a ser alcançado na primavera de 2022 na COP15 na China.


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A Agence Française de Développement (AFD) interveio em inúmeras ocasiões para destacar a importância desta ecologização da economia e o papel catalisador que os bancos públicos de desenvolvimento, entre os quais a AFD, bem como seus parceiros do International Finance Development Club (IDFC) e da rede Finança em comum.

2Financiamentos ainda insuficientes para a natureza

Este é um dos grandes desafios da crise da biodiversidade, que esteve no centro das discussões do Congresso Mundial da Natureza: conseguir uma ecologização das finanças internacionais, assegurando que deixem de apoiar projetos que prejudicam os ecossistemas, mas também que invistam maciçamente em sua preservação.

É preciso multiplicar por 7 os investimentos atuais para a natureza”, lembrou Rémy Rioux, diretor-geral da AFD. Enquanto as necessidades de financiamento da biodiversidade mundial são estimadas entre 722 e 967 bilhões de dólares por ano até 2030, apenas 124 a 143 bilhões de dólares lhes são efetivamente consagrados a cada ano.

A AFD destacou que os bancos públicos de desenvolvimento têm um papel essencial a desempenhar neste contexto: mobilizar investidores - particularmente investidores privados - em torno de projetos benéficos para a biodiversidade, mas também desencorajar investimentos nefastos.

3Destaque para soluções baseadas na natureza

As soluções baseadas na natureza, estas ações destinadas a proteger, gerir ou restaurar de forma sustentável ecossistemas naturais ou modificados para enfrentar diretamente os desafios da sociedade e combater as mudanças climáticas, receberam atenção internacional no Congresso da IUCN.

A AFD financiou a produção pela IUCN, em 2020, de um padrão internacional que permite apreender e aplicar melhor as soluções baseadas na natureza, que devem agora ser implantadas no terreno por todos os atores.

4Vida e clima, a mesma batalha

Esta foi uma das mensagens fortes do Congresso Mundial da Natureza: a proteção climática e a proteção da biodiversidade estão intimamente ligadas. Muitos atores, como a França, apelaram para que a defesa destes bens comuns convergisse numa luta global pelo futuro do planeta.

Em sua declaração final, a IUCN lembrou que “as emergências climáticas e de biodiversidade não são distintas uma da outra, mas sim dois aspectos de uma mesma crise [...] Nossas respostas face a estas emergências devem se reforçar reciprocamente. Assim, as medidas para combater as mudanças climáticas não devem conduzir a novas perdas de biodiversidade.


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O Grupo AFD destacou seus objetivos: duplicar seu financiamento para a biodiversidade até 2025 - de 565 milhões de euros em 2020 para 1 bilhão por ano - e alcançar 30% de financiamentos para o clima, beneficiando também a natureza dentro do mesmo prazo.

5Uma mensagem de esperança face ao colapso da vida

O Congresso Mundial da Natureza encerrou-se na sexta-feira, 10 de setembro, com a publicação de um “Manifesto de Marselha”, uma declaração adotada pelos membros da IUCN e portadora de esperança face ao declínio das espécies animais e vegetais.


Descubra o Manifesto de Marselha (em inglês)


A humanidade atingiu um ponto de virada. Nossa janela de tiro para responder a estas emergências interdependentes e compartilhar equitativamente os recursos de nosso planeta está diminuindo rapidamente. Os sistemas existentes não funcionam. O “sucesso” econômico não pode mais ser alcançado às custas da natureza. Precisamos urgentemente de reformas sistêmicas", exortou o Congresso da IUCN.

E de prosseguir: “E ainda assim há motivos para otimismo. Somos perfeitamente capazes de operar mudanças transformadoras, e rapidamente [...] Investir na natureza é investir no nosso futuro coletivo.” No seguimento da Cúpula One Planet, a IUCN solicitou que 30% do planeta, tanto terrestres como marítimos, fossem protegidos até 2030.

6Um passo em direção à COP15 em Kunming

Este congresso, muito aguardado, foi o primeiro grande encontro mundial da agenda internacional sobre a biodiversidade, que deve levar a um acordo global sobre a proteção da natureza (o “quadro pós-2020”) na primavera de 2022, durante a COP15 da Convenção sobre a Diversidade Biológica, que será realizada em Kunming, na China.

Os manifestos e moções da IUCN são, acima de tudo, convites à ação: ainda há um longo caminho a percorrer. Mas este congresso continuará a ser um momento muito precioso de diálogo, reuniões e formação de consenso. Pistas concretas começam a surgir, e a dinâmica de mobilização continuará para que o ensaio seja transformado dentro de seis meses, na China.