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Pampa prairies Brésil
O Fundo francês para o meio ambiente mundial (FFEM, a sigla em francês) e a AFD assinaram uma convenção de financiamento com a ONG brasileira Save Brasil, da rede BirdLife International, em parceira com o Banco regional de desenvolvimento do extremo Sul (BRDE) com o objetivo de proteger o bioma dos pampas, no Brasil. Um projeto climático inovador com impacto social significativo.

Em um território de cerca de um milhão de quilômetros quadrados, entre a Argentina, o Brasil, o Paraguai e o Uruguai, os pampas do Cone Sul da América do Sul estão entre as raras pradarias temperadas e ecossistemas de savana do planeta, lar de uma fauna e de uma flora excepcionais. No Brasil, o bioma dos pampas se encontra no extremo sul do país, no estado do Rio Grande do Sul. Ele ocupa 2% do território brasileiro e 62% do estado, e acolhe uma diversidade biológica formidável. São mais de 400 espécies de gramíneas nativas, 578 espécies de pássaros (dos quais 120 dependem exclusivamente desse habitat), 85 espécies de mamíferos e 75 de anfíbios e répteis.

No entanto, com um desmatamento de mais de dois milhões de hectares nos últimos quinze anos, sobretudo devido à expansão da monocultura agrícola da soja, o bioma dos pampas está ameaçado. O desmatamento agudo se deve em parte à queda de competitividade da pecuária na região, que sofreu com uma falta de investimentos, tecnologias aplicadas e práticas sustentáveis. Paralelamente, a grande rentabilidade da soja, com um valor sempre em alta no mercado internacional, incita os proprietários a arrendarem seus terrenos a produtores da variedade agrícola. Pode-se notar dois impactos negativos dessa prática cada vez mais comum: uma maior utilização de produtos químicos para erradicar os parasitas e doenças e a ameaça de extinção de numerosas plantas e animais dos pampas.

Em 1985, as pradarias nativas eram o lar de 44% do bioma. Hoje, de apenas 33%. Se nenhuma medida for tomada para frear a expansão das culturas de soja, elas só ocuparão 13% do bioma em 2050. Assim, sua sobrevivência depende de políticas e iniciativas com o intuito de desenvolver modos de produção capazes de respeitar o meio ambiente.

Essa é a ambição do projeto Alianza Mais, apoiado pelo FFEM, AFD, BRDE e Save Brasil, que contará com uma soma total de investimentos de 7 milhões de euros durante cinco anos. Seu objetivo? Apoiar a extensão e a consolidação da iniciativa privada Alianza del Pastizal, desenvolvendo modelos de produção inovadores e sustentáveis para reduzir a perda de biodiversidade das pradarias naturais, e contribuindo para gerar renda para os produtores do bioma dos pampas brasileiros. O projeto almeja obter grande impacto no armazenamento de carbono e emissões de carbono evitadas, permitindo dobrar as superfícies que beneficiam de modos de gestão de recursos naturais adaptados.

Interação entre ONGs e produtores rurais do setor privado

Esse projeto se distingue de outras ações de preservação do meio ambiente graças à interação prevista entre uma ONG ligada à proteção do meio ambiente e produtores rurais do setor privado. Dessa maneira, será possível aumentar consideravelmente a abrangência das ações, atingindo uma escala muito maior.

O projeto também é inovador porque:

  • Inclui instrumentos de “blended finance” capazes de associar recursos financeiros disponibilizados pelo BRDE a doações, investindo em ações que favoreçam a preservação da biodiversidade.
  • A iniciativa é 100% privada, já que a totalidade das áreas preservadas são de propriedade privada, e se baseia no voluntariado dos donos que queiram se unir à Alianza del Pastizal. Assim, o sistema de zonas protegidas sustentáveis não tem nenhum custo para o setor público.
  • Integra elementos culturais para a proteção do meio ambiente, modificando no longo prazo o comportamento da população rural na área do projeto.
  • Ele cria uma parceria inovadora e eficaz entre organizações da sociedade civil e setores de produção, através de um processo em que ambas as partes saem ganhando.

Duzentos e cinquenta novos proprietários devem se juntar ao movimento Alianza del Pastizal, representando 120.000 hectares suplementares de pradarias naturais protegidas. O BRDE está se preparando para conceder apoio a entre 150 e 200 produtores, priorizando os pedidos de financiamento de projetos que envolvam jovens e mulheres. Treinamentos técnicos e de gestão já estão sendo disponibilizados para as produtoras e produtores agrícolas e jovens gaúchos para gerar renda e proteger o meio ambiente ao mesmo tempo.

Durante o evento de lançamento do projeto, em abril de 2023 em Lavras do Sul, o novo governador do estado do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, elogiou o projeto “que investe em ações sociais além de ações de luta contra o aquecimento global, promovendo o desenvolvimento econômico sustentável e protegendo as pradarias nativas e o bioma.”

Um movimento que pode ser implementado em outros biomas no Brasil

Além dos pampas, o Brasil é composto de cinco outros biomas: a Amazônia (5,5 milhões de km² em nove países, 50 % da biodiversidade mundial, entre 15 et 20% das reservas de água potável do planeta e 10% das reservas mundiais de carbono), o Cerrado (savana brasileira, cerca de 22% do território nacional, do qual resta apenas 50% da vegetação), a floresta Atlântica (cerca de 15% do território, com apenas 10% de sua vegetação original), a caatinga (bioma mais seco do Brasil, cerca de 11% do território, que já perdeu 46% de sua vegetação) e o Pantanal (maior planície inundada do planeta, cerca de 2% do território, que perdeu 15% de sua superfície).

Desde 2019, a Agência francesa de desenvolvimento investe em projetos para proteger a floresta amazônica através do apoio ao desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis na região, políticas para combater o desmatamento, proteção da biodiversidade, valorização sustentável de recursos naturais, proteção dos povos originários, reforço da segurança e do quadro territorial, além do apoio às instituições financeiras que investem em projetos sustentáveis na região.